O trabalho
faz referência e homenageia a pintura “Nu descendo uma escada” do
artista francês Marcel Duchamp, extrapolando suas questões conceituais
para pensarmos movimento, virtualidade, fotografia, cinema e palavra. Realizada
em 1912 por Marcel Duchamp, a obra teve forte influência da pesquisa
realizada por Etienne Jules Marey com a cronofotografia (tipo de técnica
que decompunha o movimento de forma seccionada) e com as discussões
cubistas e futuristas da época.
No projeto proposto para o
edital, o movimento de descida desse corpo é trazido de forma literal
para a palavra “nu” que compõe seu título. O nu, que enquanto gênero na
pintura foi diversamente discutido e manipulado através das vanguardas
é, possamos assim dizer, despido até encontrar sua forma bruta na
síntese tipográfica da própria palavra, conformando-se então como uma
espécie de poesia-visual-virtual.
Aqui, as letras N e U se
desenrolam degrau após degrau do escadão presente na plataforma virtual
criada para o desenvolvimento dos trabalhos. A partir da sua escrita em
formato minúsculo, essas duas letras, que possuem em sua morfologia o
mesmo desenho tipográfico, funcionam então como um tipo de palíndromo. O
palíndromo é uma frase ou palavra que se pode ler indiferentemente da
esquerda para a direita ou vice-versa, tais como: asa, reviver, ovo e
arara.
Nesse caso, “Nu descendo um escadão”, implica também um
tipo de leitura que pode ser feita tanto de cima para baixo quanto de
baixo para cima, ativando de forma circular o olhar do espectador. As
letras, que antes bidimensionais e planas, ganham tridimensionalidade,
possuem peso e forma como um corpo que desce. A escada torna-se então
rolante, página ativa para desenvolvimento de uma escrita em movimento,
essencialmente virtual e capaz de jogar com a projeção imaginativa da
plataforma
. The work references and pays homage to the painting "Nudo che ascende le scale n. 2" by French artist Marcel Duchamp, extrapolating its conceptual questions to reflect on movement, virtuality, photography, cinema, and words. Created in 1912 by Marcel Duchamp, the work was strongly influenced by Etienne Jules Marey's research into chronophotography (a technique that decomposed movement into sections) and the Cubist and Futurist discussions of the time.
In the project proposed for the open call, the downward movement of this body is literally conveyed in the word "nude" that makes up its title. The nude, which as a genre in painting was variously discussed and manipulated throughout the avant-garde, is, so to speak, stripped bare until it finds its raw form in the typographic synthesis of the word itself, thus forming a kind of virtual visual poetry.
Here, the letters N and U unfold step by step on the staircase present on the virtual platform created for the development of the works. Based on their lowercase writing, these two letters, which share the same typographical design, function as a type of palindrome.
In this case, "Nu descending a staircase" also implies a type of reading that can be done both top to bottom and bottom to top, activating the viewer's gaze in a circular fashion. The letters, previously two-dimensional and flat, gain three-dimensionality, possessing weight and shape like a descending body. The staircase then becomes a rolling, active page for the development of a moving writing, essentially virtual and capable of playing with the imaginative projection of the platform.